A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta (3). São características fundamentais da lei de Deus: a eternidade e a imutabilidade, atributos do próprio Deus, que a criou (4).
Todas as leis [...] da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma (5). Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contêm as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais (6).
A lei de Deus está escrita na consciência (8). Em razão disto, todos [...] podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue (7).
A lei de Deus é continuamente revelada aos homens, não obstante estar ela escrita na consciência, porque é passível de ser esquecida e desprezada pelo ser humano. Quis, assim, Deus que ela fosse sempre lembrada (9). [...] Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade (10).
Esses missionários, porém, quando encarnados, podem ser influenciados pela vida no plano físico e, cometendo enganos, induzem a Humanidade a se transviar por princípios falsos. Isso aconteceu com [...] aqueles que não eram inspirados por Deus e que, por ambição, tomaram sobre si um encargo que lhes não fora cometido. Todavia, como eram, afinal, homens de gênio, mesmo entre os erros que ensinaram, grandes verdades muitas vezes se encontram (11).
O amor ao próximo, ensinado por Jesus, é um preceito que resume a lei de Deus. Certamente [...] esse preceito encerra todos os deveres dos homens uns para com os outros. Cumpre, porém, se lhes mostre a aplicação que comporta, do contrário deixarão de cumpri-lo, como o fazem presentemente. Demais, a lei natural abrange todas as circunstâncias da vida e esse preceito compreende só uma parte da lei. Aos homens são necessárias regras precisas; os preceitos gerais e muito vagos deixam grande número de portas abertas à interpretação (12).
Para que seja mais bem explicitada, a lei natural pode se dividida [...] em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade [...].*
Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que, por isso, tenha qualquer coisa de absoluta, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer que seja. A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras (13).
A vivência da lei de Deus conduz o homem ao bem. E o [...] verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza1. Por extensão, reconhece-se [...] o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más (2).
Dessa forma, tanto [...] quanto podemos perceber o Pensamento Divino, imanente em todos os seres e em todas as coisas, o Criador se manifesta a nós outros – criaturas conscientes, mas imperfeitas – através de leis que Lhe expressam os objetivos no rumo do Bem Supremo (14).
Lembremo-nos, pois, de que no concerto admirável da Criação, somente será possível regenerar e burilar a nós mesmos para que a vida imperecível em nós se retrate vitoriosa, mas não nos esqueçamos de que, apesar da grandeza cósmica, nosso desequilíbrio no mal pode comprometer todo o sistema em que as Leis Divinas se expressam, através do trono sublime da natureza [...] (15).
(*) Essas leis serão estudadas nos módulos subseqüentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 17, item 3, p. 272.
2. ______. Item 4, p. 276.
3. ______. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 614, p. 305.
4. ______. Questão 615, p. 305.
5. ______. Questão 617, p. 306.
6. ______. Questão 617-a, p. 306.
7. ______. Questão 619, p. 306.
8. ______. Questão 621, p. 307.
9. ______. Questão 621-a, p. 307.
10. ______. Questão 622, p. 307.
11. ______. Questão 623, p. 307.
12. ______. Questão 647, p. 314.
13. ______. Questão 648, p. 315.
14. XAVIER, Francisco Cândido. Justiça Divina. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. (Nas leis do destino), p. 119.
15. ______. Inspiração. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. São Bernardo do Campo: Grupo Espírita Emmanuel, 1978. (Diante do universo), p. 72-73.
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